JACK KEROUAC: 47 anos off the road.
- Álvaro Alencar
- 21 de out. de 2016
- 2 min de leitura

Em 21 de outubro de 1969 aos 47 anos e com míseros 91 dólares em sua conta bancária, falece Jack Kerouac, o maior expoente da Geração Beat que impactou a cultura americana e posteriormente toda uma cultura hippie com sua obra e especialmente com o mítico On The Road, inaugurando uma prosa rápida e espontânea, característica das ininterruptas viagens feitas pela América ao lado de Neal Cassady, outra figura importante da Beat Generation e que seria a inspiração para o seu anti-herói Dean Moriarty.

Ao cruzar os Estados Unidos de carro, Sal Paradise e Dean Moriarty empreenderam a viagem que todos os jovens um dia sonharam em fazer, repleta de sexo, drogas, álcool e, acima de tudo, liberdade. Ao contar a história de como os dois amigos atravessaram os Estados Unidos, em inúmeras idas e vindas que incluíram uma incursão ao México, Kerouac inaugurou um novo tipo de prosa, que funciona como uma trilha sonora interna ao livro, que vai se desprendendo das palavras, das frases, dos blocos de texto. Essa escrita que tem o ritmo das ruas une a realidade ao sonho, transformando o que era uma viagem em uma busca espiritual.
Tive contato com sua obra em 2013 quando recebi On The Road de presente de um dos meus professores de literatura e língua portuguesa ainda no ensino médio. O espanto diante daquele texto corrido e complicado foi imediato, rápido abandonei a leitura, até que resolvi ao menos concluí-la, voltei do começo e fiz algo diferente: li em voz alta e ao som de Miles Davis, com isso percebi que aquele texto complicado era, na verdade, musicado, possuía um ritmo interno específico que deveria ser respeitado.

Kerouac publicou vários livros e todos figuram com certa importância, porém, nenhum impediu sua decadência ao fim da estrada. Inspirou muitos escritores dentro e fora do movimento literário do qual fazia parte, inspirou outros movimentos como as gerações psicodélicas de Portugal e Brasil. É uma das principais referências do premiado pelo Nobel de Literatura deste ano, o músico Bob Dylan.

A primeira tradução para o português foi feita em 1960 por H. Santos Carvalho, pela editora Ulisseia de Portugal. Foi traduzido no Brasil somente em 2012 por Eduardo Bueno através da LPM. Adaptado para o cinema pelo diretor brasileiro Walter Salles também em 2012.

KEROUAC: 3 EM 1 - Jack Kerouac, - L&PM
Completam hoje 47 anos desde que o vagabundo Jack está fora da estrada, mas permanece no imaginário popular forjado pelos movimentos de contracultura. Seu nome ainda figura como grito de liberdade em meio ao caos contemporâneo.
Em memória de Philipe Thayslon,
amante de toda a Beat Generation.
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